Yasmin Menezes - Códigos Negros 2024

Códigos Negros 2024: Imaginação como tecnologia e a tecnologia para a imaginação.

Concepção da temática “A imaginação como tecnologia e a tecnologia para a imaginação” no evento Códigos Negros 2024 e curadoria da exposição “Rascunho do sonho, materialização do desejo”, integrada à programação. Coordenação de produção, com atuação no acompanhamento de equipes multidisciplinares (artistas, palestrantes e técnicos), gestão de orçamento e cronograma, organização logística (transporte, hospedagem, infraestrutura e equipamentos) e supervisão da execução técnica. Responsável também pela elaboração de relatórios e pela avaliação final dos resultados do projeto.

A exposição "O rascunho do sonho, a materialização do desejo" aconteceu em 9 de novembro de 2024 no Rato Branko, com uma festa e projeção ao ar livre. Com curadoria de Silvana Bahia e Yasmin Menezes, a mostra contou com a participação das artistas Bruna Kury, Gê Viana, Trojany e Mayara Ferrão e do artista Thiago Britto.

A edição do Códigos Negros 2024 foi uma realização da Olabi e Instituto Toriba, contou com apoio do Museu do Amanhã e parceria do LADA/ESDI/UERJ.

Vídeo de divulgação da exposição "O rascunho do sonho, a materialização do desejo". Créditos: Gabriel Andrade.

Material de divulgação do Códigos Negros 2024. Créditos: Gabriel Andrade.

Painel "Imaginação radical negra: tecnologias para novos imaginários". Créditos: Paulo Liv.

Painel "Revolucionando a imaginação sobre o futuro: provocações possíveis a partir da diáspora africana no Sul Global". Créditos: Paulo Liv.

Exposição "O rascunho do sonho, a materialização do desejo", Códigos Negros 2024. Créditos: Paulo Liv.

Texto curatorial

O rascunho do sonho, a materialização do desejo

Em 2024, o Olabi se junta ao Instituto Toriba para realizar a quinta edição do Códigos Negros com o tema "A imaginação como tecnologia e a tecnologia para a imaginação". É a partir dessa perspectiva que a exposição “O rascunho do sonho, a materialização do desejo" acontece.

Buscamos compreender a imaginação como uma tecnologia capaz de materializar nossos sonhos e desejos visíveis e invisíveis, além de romper com estruturas que já não nos cabem mais. Dessa forma, a imaginação radical negra é uma tecnologia potente para emancipar nossa capacidade inventiva, criar diferentes modos de existência e tensionar a realidade imposta.

As artistas que compõem esta exposição fazem isso, seja por meio do resgate de nossas histórias, como nos demostram Gê Viana, com suas colagens digitais que expressam as festividades de matriz africana no Maranhão, onde o Reggae e a fé se entrelaçam em celebração e encantamento; Mayara Ferrão, com sua série de imagens criadas por inteligência artificial que retratam momentos afetuosos e cerimoniais entre mulheres negras durante o período colonial, contrapondo à violência histórica presente nos arquivos imagéticos; e o artista Thiago Britto, que também utiliza a inteligência artificial para criar imagens que abordam as relações afetivas entre homens negros, destacando o afeto como uma tecnologia importante para reimaginar suas trajetórias.

No exercício de imaginar nossas existências em confronto com a realidade, Bruna Kury propõe por meio de videoarte discutir a colonialidade, o cisheterocapitalismo e suas conexões com questões contemporâneas, como as opressões de corpos dissidentes através dos marcadores de gênero e da desumanização de corpos racializados. A degradação ambiental, representada pelo abandono dos rios, é retratada na web arte da Trojany, que ao repensar o espaço urbano e seus afluentes, cria uma figura monstruosa que emerge do rio e segue em direção ao mar.

Assim, a exposição “O rascunho do sonho, a materialização do desejo” nos convida a imaginar cenários onde a tecnologia se coloca a serviço da imaginação, em diálogo com histórias de resistência e ancestralidade. Ao ressignificar imagens e narrativas, as artistas e o artista presentes questionam e subvertem a realidade, propondo novos caminhos para uma existência negra e suas formas de afetividade. Nesse processo, a arte surge como um campo fértil para a emancipação, onde o sonho e o desejo são impulsionados pela potência da imaginação radical, criando fissuras em um mundo que ainda tenta aprisionar corpos e mentes negras.

Silvana Bahia e Yasmin Menezes